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Por que o consumidor está substituindo a carne por ovos?

*Camila Mottin

Não tem como negar que o aumento no consumo de ovos se deve ao alto valor da carne, que além de ser mais econômico, versátil, e de fácil preparo, venceu o mito de que seu consumo estava ligado ao aumento do colesterol sanguíneo e desenvolvimento de doenças cardiovasculares, ficando conhecido atualmente como um aliado para dietas de perda e controle de peso e ganho de massa magra corporal.

O ovo é considerado um alimento rico em vitaminas, minerais, proteínas e ácidos graxos insaturadas (gorduras boas). No entanto, não é um bom substituto para carne, pois para equivaler a quantidade de proteína consumida em 100g de carne vermelha, o que equivale a um bife pequeno, devemos consumir em torno de 3 ovos.

Diversas pesquisas realizadas em todo Brasil revelam que o preço dos produtos de origem animal são uma das principais variáveis condicionantes do consumo, ou seja, o preço determina a compra ou não daquele produto, seguida de outras variáveis de caráter socioculturais.

A pandemia do covid-19 levou o consumidor a uma adequação nos gastos, fazendo com que o consumo de ovos desse um salto de 230 unidades no ano de 2019 para 251 ovos per capta em 2020, o que equivale a um aumento de 8,3%. Essa substituição da carne pelo ovo também refletiu no mercado aumentando os preços da dúzia. No entanto, as carnes não tiveram queda no valor, devido as exportações aquecidas, baixa oferta de gado gordo, como também aumento no consumo de cortes com melhor custo-benefício. Além da pandemia, também tem surgido pequenos nichos de mercado orientados por informações errôneas que estão substituindo a carne por vegetais, diminuindo assim o consumo desse produto.

Ainda existem outros dois fatores que elevaram o preço da carne consideravelmente. O primeiro é a alta demanda dos países asiáticos, a China que é um grande importador de produtos brasileiros, afeta significadamente no mercado em razão do potencial de aumentar o consumo e também pelo grande número de consumidores (Mais de 1 bilhão de pessoas).

O consumo chines de carne bovina no ano de 2020 foi em torno de 6,5 kg/habitante/ano, com aumento de mais de 35% no consumo nos últimos 5 anos, e as projeções são otimistas devido a melhora nos números da pandemia.

Além disso, temos o aumento do preço dos principais cereais utilizados na alimentação e suplementação dos animais (soja e milho), que implicou diretamente nos custos de produção, de modo que os pecuaristas repassaram todo esse custo para o consumidor final.

Ao mesmo tempo que observamos esse cenário, que aparentemente é pessimista, devemos pontuar que apesar de ser considerado um país em desenvolvimento, o consumo de proteína animal no Brasil, apresenta distinções quando comparado com outros países equivalentes. Para a proteína carne, o consumo compara-se a patamares observados nas nações mais ricas, superando a quantidade de 100 Kg habitante/ano. Portanto, a carne brasileira, por se tratar de uma comoditie, ainda é considerada barata. Outro fator são as condições favoráveis de criação que temos no país.

E por fim, o que estamos vendo no mercado é algo que já aconteceu em outros países há tempos, a tecnificação da cadeia de carne, a valorização das terras e a forte pressão socioambiental eleva os custos de produção e deixa o produto mais caro.

nullMédica Veterinária e Doutora em Zootecnia pela UEM, Universidade Estadual de Maringá, Maringá – PR. Docente no Centro Universitário Integrado, Campo Mourão - PR.