O que falta para a Ovinocultura de Corte ser competitiva no Brasil? | Ovinos
*Hélio de Almeida Ricardo
Nada. A resposta para essa pergunta é essa, simples assim, nada. A Ovinocultura de Corte apresenta um nível tecnológico no Brasil que não impede a atividade de ser competitiva. Já foi o tempo de usar sal mineral de bovinos quando ainda não havia disponibilidade de produtos específicos para a espécie. As técnicas de manejo evoluíram, a pesquisa evoluiu, a disponibilidade de produtos e serviços também evoluiu.
Mas ainda existem duas lacunas. O adjetivo “competitivo” significa aquilo que é capaz de enfrentar a competição comercial, pelo baixo custo, pela eficiência, etc.; que gera competição. A meu ver, a carne de Cordeiro não tem concorrência. Isso é uma vantagem, não? Encontramos cortes de Cordeiro em praticamente todos os tipos de estabelecimentos, restaurantes, supermercados, açougues, empórios, armazéns, boutiques de carne e “mercadões”. Uma rede de “fast food” chegou a lançar um produto com carne de Cordeiro. Existe até ração para cães com carne de Cordeiro!
A primeira lacuna é o consumo, hábito de consumo, cultura de consumo. Certa vez assistindo ao seriado “Friends”, as personagens estavam escolhendo o cardápio da semana e dentre as opções, ditas por uma delas, estava “Lamb” (Cordeiro). Aqui no Brasil ainda não temos esse hábito de decidir ter como opção de cardápio rotineiro a carne ovina. Há maior facilidade para encontrar o produto, mas ainda não incorporamos com maior frequência.
A segunda lacuna é a eficiência produtiva. A carne ovina não tem concorrente e mesmo com essa questão de falta hábito, do consumidor, tudo o que é produzido é consumido. Isso não é um paradoxo e sim uma vantagem para o produtor. Quem não gostaria de ter um produto que mesmo com “baixa demanda” fosse completamente escoado?
Certa vez eu estava “brincando” com as estatísticas nacionais sobre rebanho, etc, e fiz uma estimativa, uma predição, da quantidade de Ovelhas que seriam necessárias para a produção de Cordeiros que equivaleriam ao que era importado de carne ovina, principalmente do Uruguai. Constatei que 22% do rebanho estaria ocioso, improdutivo.
A Ovinocultura de Corte no Brasil chegou à um patamar que não impede que o produtor seja competitivo. O que falta mesmo é ele ser eficiente.
Zootecnista e Doutor em Zootecnia pela Unesp - Botucatu - SP. Pós - doutorado pela Unesp | UFGD (Dourados - MS). Diretor Técnico da Associação Paulista de Criadores de Ovinos (ASPACO).