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“Hormônios na avicultura – a verdadeira história por trás das crendices” | Avicultura

*Brenda Carla Luquetti

A evolução da avicultura brasileira transformou essa atividade em uma das mais fortes e importantes da agroindústria nacional e internacional. Todo esse progresso se deve aos avanços da ciência e tecnologia, de forma que o país produz por volta de 13 milhões de toneladas de carne, onde 69% são destinadas ao mercado interno, que apresenta, hoje, consumo per capita de 45 kg sendo o excedente voltado à exportação, mantendo o país há anos no patamar de maior exportador do mundo.

Essa alta eficiência na produção e exportação acontece devido à competência pela qual esse segmento é conduzido no país que segue respeitando minuciosamente as normas corretas de produção aliada aos pilares básicos que revolucionaram a criação dessas aves que são os grandes avanços da genética, sanidade, nutrição e manejo.

O melhoramento genético é o fator que mais impacta o crescimento das aves. As linhagens comerciais vêm sendo desenvolvidas para exibir precocidade e carcaças de melhor qualidade, no entanto, todos os fatores atuam em conjunto. A sanidade, por exemplo, é alcançada através de vacinação e rigorosos programas de biossegurança. Em adição, o manejo correto principalmente na ambiência, tenta diminuir o estresse calórico e assim aproximar o animal da sua zona de conforto térmico para expressão de todo o seu potencial.

Do ponto de vista nutricional, sabe se que a ração corresponde a 70% do preço final de produção do frango e por isso hoje nessa atividade desenvolveu-se uma grande capacidade dos nutricionistas da área em pesquisar ingredientes alternativos e formular dietas de qualidade com custo reduzido. A ração é oferecida à vontade por até 24 horas por dia e satisfaz as necessidades de todos os nutrientes (energia, aminoácidos, minerais e vitaminas) de acordo com cada fase de crescimento da ave, além de todo o controle de qualidade realizado na matéria prima utilizada para essas rações.  

Os aditivos têm se destacado na nutrição das aves, por apresentarem impacto positivo sobre a produtividade. Essas substâncias quando adicionadas à ração são capazes de melhorar a palatabilidade, as características físicas dos alimentos, o desempenho da ave ou ainda serem usados como substâncias profiláticas na prevenção das doenças. São alguns exemplos: os antioxidantes, corantes naturais, adsorventes, enzimas exógenas, nutracêuticos, prebióticos, probióticos, simbióticos, anticoccidianos e os antibióticos.

Os antibióticos, que tanto causam medo à população são drogas que melhoram a sanidade do trato gastrintestinal das aves, pois estas são criadas em grandes populações nos aviários, e com isso favorecem a integridade da mucosa intestinal propiciando melhor aproveitamento dos nutrientes. Contudo, como são utilizadas em baixas doses podem determinar aumento de resistência bacteriana. Assim, seu uso tem sido restringido à terapia antibacteriana, e não como medida profilática, mas com respeito ao período de carência e às normas do Ministério da Agricultura. O setor tem consciência da importância do combate a esse risco de resistência microbiana e também busca incessantemente alternativas para sua substituição através da tecnologia, inovação e práticas sustentáveis.

O que é uma rotina para os profissionais e técnicos envolvidos nessa atividade, se tornou um assunto que tanto confunde a população, afinal como esses animais podem ganhar tanto peso e em tão pouco tempo? Todas essas indagações abriram espaço aos rumores que a criação dessas aves envolve o uso de hormônios e isso ganha força quando as mesmas são comparadas às aves criadas em sistema extensivos, sem programas de luz e sem melhoramento genético. Além da crendice popular, ocasionalmente o setor é atacado pela mídia e profissionais de outras áreas que difundem notas e entrevistas com inverdades tais como que a “indústria avícola comercializa produtos que podem ser prejudiciais à saúde humana”, o que a obriga a vir a publico no sentido de se justificar e elucidar os fatos, quando acusada do uso de artifícios ilegais para maximizar o ganho de peso dos animais.

Os consumidores de hoje estão extremamente exigentes em relação à qualidade dos produtos de origem animal, bem como quanto ao processo de produção dos mesmos, e tendem a preferir os produtos saudáveis e naturais. A realidade é que a carne de frango é inócua e muito nutritiva (proteínas de alta qualidade, ácidos graxos, vitaminas, menor taxa de gordura saturada). É mais barata quando comparada à carne bovina, muito usada em dietas hospitalares ou quando da necessidade de dietas menos calóricas para fins de emagrecimento (o famoso peito de frango grelhado), além de não apresentar restrições religiosas sobre o seu consumo.

O frango brasileiro é considerado o melhor do mundo há muitos anos, tanto do ponto de vista sanitário quanto zootécnico. A comunidade internacional, altamente exigente, não faz conjecturas em relação ao uso de hormônios nos frangos no país, não havendo assim fundamento nas especulações sobre o seu uso. Essa indústria funciona com rígidos protocolos de monitoramento em todas as linhas de produção em relação aos seus produtos para exportação e consumo interno.

A utilização de hormônios na produção de frangos de corte é proibida por Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, desde 2004, e não há livre comércio desse produto. E assim, para abastecer essa indústria seriam necessárias grandes quantidades, através de contrabando e produção de evidências, o que geraria desconfiança, delação e denúncias realmente palpáveis das empresas concorrentes do setor.

Sendo o Brasil o terceiro maior produtor e o maior exportador do mundo, não há porque arriscar a imagem do país devido a produtos sabidamente proibidos que poderiam ser detectados pelos países exportadores (visto que a procura de resíduos é pesquisa prioritária nos alimentos de origem animal), o que levaria ao prejuízo da atividade, perda do prestígio internacional, pesadas multas, quebras de contrato e bloqueio do comércio, prejudicando toda uma cadeia mundialmente reconhecida pela sua excelência em qualidade e rentabilidade.

O consumo, per capita, de carne de frango no mundo tem aumentado continuamente evidenciando a alta qualidade desta proteína de origem animal. Esse segmento vem eficientemente trabalhando em busca de melhor qualidade e produtividade utilizando inovação e tecnologia de ponta, com geração de empregos e abastecimento da demanda de proteína animal nacional e internacional e cabe assim aos profissionais da área prestar esclarecimentos para que a mesma seja reconhecida pela sua importância, competitividade e principalmente pelo grande papel social que desempenha na economia do país.

nullMédica Veterinária e Pós - Doutora em Ciências Veterinárias na área de Nutrição de Aves pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – MG. Docente no Centro Universitário Presidente Antônio Carlos (Imepac). Tem experiência na área de Medicina Veterinária e Zootecnia, com ênfase em manejo, produção e sanidade de aves, biossegurança e bem- estar animal, farmacologia e toxicologia, tecnologia e inspeção de carnes, microbiologia e parasitologia veterinária.