Contato

(67) 9.9262-7640

Endereço

R. Enoch Vieira de Almeida, 125 - Vila Célia - Campo Grande/MS

Churrasco em tempos de Crise

*Gerson Almeida

“Inflação chega a 12,54% nos últimos 12 meses”
“Arroba do boi gordo bate recordes e máximas históricas”
“Preços do frango e do suíno disparam”.

Notícias como essas estão sendo corriqueiras nos jornais e telejornais nos últimos meses e cada vez mais nosso churrasquinho de final de semana vai, por um lado aumentando zeros na nota da compra e por outro diminuindo os pesos da sacola no carrinho.

Mas como se virar em tempos de crise sem ficar sem a nossa carne da quarta feira do futebol ou a nossa reunião de família de domingo? Então vamos lhe ajudar a fazer um churrasco de altíssima qualidade sem gastar tanto.

Lembro com saudades dos churrascos de faculdade, em que fazíamos um “rachide” de R$15,00 para os homens e R$7,00 para as mulheres (engenharia nos anos 90 tinha disso, precisávamos de um atrativo senão o churrasco acabava somente em marmanjos) e hoje este valor não compra sequer um saco de carvão.

Mas digo com propriedade: o churrasco ainda tem salvação, com um pouco de criatividade e conhecimento eu posso garantir que ainda é possível fazer um churrasco com um excelente custo benefício.

O mais importante a ser pensado é que o Churrasco é um momento de confraternização, que deve ser esticado por horas, com um bom bate papo e uma boa resenha. Este momento tem toda uma magia por traz e não é simplesmente servir carne assada. Desde a compra dos insumos, acender o fogo, servir aquela pinguinha enquanto liga uma sofrência.

O Churrasco tem todo um ritual, o qual não pode ser deixado nenhuma etapa de lado. Churrasco é uma arte sim senhor e pelo amor de deus não me convidem ou não convidem aquela pessoa que chega às 12 horas, almoça, e as 13 horas vai embora. Então eu nem vou.

Aqui começa a primeira dica importante: Abuse das entradas. Estes petiscos não podem faltar em nenhum churrasco. Dentre as entradas que sempre foram tradicionais nos churrascos temos a linguicinha e o pão de alho.

Mas inove, crie e isto irá lhe facilitar a vida na hora de servir a carne principal. Não, eu não estou querendo que você encha seu convidado de pão, mas sim que você inove. Experimente um franguinho temperado na mostarda, uma bananinha que é um corte que sai do meio da costela, costeletas suínas com limão ou mesmo prepare uma kafta bem temperada com um molho de alho com hortelã.  Afinal estamos falando em um churrasco com bom custo benefício sem perdermos a qualidade e todas estar entradas possuem um excelente custo.

Quando falamos em carnes para o prato principal tenha em mente uma coisa: Pense na variedade dos cortes conforme a quantidade de convidados. Minha sugestão é um tipo de carne para cada 6 convidados. Se você quiser inventar moda como falamos no Paraná, aqui seu dinheiro vai embora. Pois você não tem como saber qual irá ser a carne preferida dos seus convidados e/ou você irá comprar 6 tipos de carnes diferentes em grandes quantidades que irá sobrar ou então pequenas quantidades de cada carne e todos irão querer experimentar de tudo te complicando na churrasqueira.

Dito isso, vamos a escolha dos cortes. Se você está pensando em economizar fuja da picanha e da costela. A picanha hoje é um dos cortes mais caros do mercado, e digo sem medo nenhum: sim uma picanha por menos de R$ 60,00/kg na atual situação do mercado é uma picanha de média a baixa qualidade se comparada com o nível de excelência que o Brasil atingiu em produção de carne. Temo cortes muito mais saborosos em conta que irão te surpreender.

E quanto a costela? Ahh Gerson eu não abro mão da costela!! Perfeito, o gosto é o regalo da vida. Mas tenha em mente que apesar de, aparentemente a costela ter um preço muito bom no mercado, você precisa do dobro dela em peso porque é o corte que mais perde em rendimento devido a gordura e ossos. Então meu amigo a sua costela não custa R$ 24,00/kg e sim R$ 48,00/kg, lembre-se disso.

Com o alto padrão da nossa carne, eu te desafio a experimentar novos cortes mais em conta e tão saborosos quanto uma picanha. E acredite, você irá se surpreender.

O short rib ou num bom português o aém com osso. Corte que possui um sabor muito acentuado como a costela, porém a maciez de um contra filé e você encontra no mercado com valores entre R$40,00 e R$45,00/kg. A fraldinha que nunca saiu do cardápio e das churrasqueiras é outro exemplo de um ótimo custo benefício porque o aproveitamento dela é total. Outro corte que pode te surpreender é a Raquete (Shoulder para os mais gourmetizados de plantão), e olha … picanha para bater este corte tem que ser muito, mas muito boa. E se você confia e gosta de brincar na churrasqueira um filé sete de angus na grelha que hoje você encontra no mercado na casa dos seus R$ 30,00/kg. Anos atrás quando você iria se arriscar a comer um filé sete na brasa?

Você deve ter percebido que eu, sendo um apaixonado por carnes e proprietário de açougue tentei norteá-lo a trilhar diversos caminhos e roteiros para um bom churrasco. Sabe por quê? Porque hoje estamos com um novo perfil de consumidor, principalmente após a pandemia.

Sempre tenho procurado qual a melhor maneira de se manter atualizado quanto as tendências do universo gastronômico? O que oferecer de prático, interessante e fácil para meus clientes, que a cada dia buscam mais conveniência pela correria do dia a dia.

Cursos presenciais? (o que não foi possível dos últimos 3 anos de nossas vidas enclausuradas), livros? (o que funciona de um lado para um autodidata como eu, mas é impossível como pai de 3 crianças pelo outro). Blogs?  Sites?  Vídeos autoexplicativos ou cursos on lines (o que virou uma febre de engajamento com a pandemia, porém que mistura das melhores as piores técnicas jamais vistas em todo o mundo da cozinha).

Enfim, tudo é válido, mas nada apareceu ainda para substituir a tão famosa experiência, o dia a dia vivido dentro de uma cozinha, a experiência trocada com colegas, com chefs renomados ou com a tiazinha que faz a melhor feijoada do bairro com aquele preço imbatível.  Aquela viagem que acaba se transformando em um tour gastronômico, aonde se conhece não só pessoas, como culturas diferentes dentro da cozinha local ou regional e, confesso que, com o passar dos anos, (leia idade avançando) este tipo de viagem me fascina cada vez mais.

Acredito ser esta a melhor forma de se conhecer essa nova “gastronomia” que invadiu o Brasil, digo invadiu porque não é necessário mais ir as capitais e grandes cidades para se comer muitíssimo bem. Entre eventos culinários regionais, mega festivais de churrasco que fornecem experiencias divinas, restaurantes de renome com pratos mega elaborados com estrelas Michelin e com produtos de diferentes partes do mundo, esta “experiência” vem se tornando tendência em todos os locais do mundo.

Mas me faço uma pergunta? Será o fim do rodízio tradicional? Do bom e velho espeto corrido? Dos buffets por kilo que aliás, deveriam aprender com os anos que passamos com a pandemia, que a máscara deveria ser uma exigência mundial e principalmente que a fila em buffet não é lugar para conversar.

Acredito que estamos caminhando para a linha “Coma menos, mas coma melhor “.  E se você, assim como eu, é amante da boa comida, te digo que isto não só é possível, mas que podemos aliar 3 pilares desejados: Qualidade, Custo e Satisfação.

Afinal continuo dizendo que cozinhar é uma maneira de amar os outros, as nossas reuniões são em volta da mesa, portanto, mais afeto e menos celulares. É isto que levamos da vida.

nullEngenheiro Civil por formação, Açougueiro e Churrasqueiro por paixão. Proprietário do Clube da Carne e apresentador Clube da Carne Tv no YouTube